Páginas

segunda-feira, 4 de abril de 2016

2. Seja bem vindo, Pedro Ferrari.

O salão estava completamente cheio e as pessoas não paravam de chegar. Todas as garotas estavam deslumbrantes perto de mim, que estava usando apenas um vestido tubinho preto e um salto alto. Alice estava acompanhada de Henry, o que me fez ficar longe dela para não atrapalhar os dois. Guto estava atendendo a todos e Isabelle estava com suas amigas. E eu estava fazendo companhia para mim mesma. Como sempre.
Já se passava das duas horas da manhã e eu ainda não tinha visto Pedro. Então, eu decidi sair do prédio e ir até uma pracinha do outro lado da rua.

domingo, 27 de março de 2016

1. Onde tudo começou.

-Bom dia flor do dia!!
-Não me dê bom dia antes das 11:00 da manhã. Muito obrigada!
-Credo Melissa, levanta logo dessa cama e vai se arrumar que a aula já vai começar. Hoje o dia é puxado.
-E quando não é? 
-Acho que é por isso que você ama tanto essa vida.
Sorri ao perceber que era verdade. Eu, Melissa Adams, com 18 anos tinha aulas na faculdade de direito pela manhã, e o resto do dia fazia estágio numa delegacia da cidade. O que me motivou a querer ser delegada foi vingança. Quando tinha 12 anos meu avô morreu num confronto com o maior traficante do Rio de Janeiro, Ricardo Ribeiro. Ele jurou que viria atrás da minha família, o que nos fez mudar de país duas vezes.
Ele matou meu avô, tirou meu lar e quando eu tinha 15 anos, ainda tentou me sequestrar pois disse que "só aceitaria que eu vivesse se fosse para dar prazer para ele."
Agora eu moro com minha melhor amiga Alice em Lisboa, e minha família mora em Porto, que fica a 313.834 KM daqui. Se não bastasse tudo isso, o desgraçado ainda me deixou longe da minha família. Mas tudo passa. Menos a vontade de eu me vingar. 
Mas voltando a minha vida normal; Na faculdade, todos estavam super animados para o aniversário de Guto. Usar a expressão "Deus grego" para ele era pouco. Talvez esse era o motivo de que muitas colegas minhas não paravam de falar um segundo se quer sobre isso. Me senti no ensino fundamental.
-E a festa Melissa, você vai né? -Disse Henry, meu colega. 
-Sim, eu vou. A gente se vê de noite. - Eu já estava pensando numa desculpa para dar pra ele mais tarde porque ultimamente a minha cama era melhor do que qualquer outra coisa.
Ao fim da aula, almocei com pressa e percebi que mesmo assim estava atrasada para o trabalho. Ah como eu odeio estar sem carro. 
Depois de longos 20 minutos no ônibus, chego lá. A parte boa da correria, é que eu amo o que eu faço.
Eu vi várias mulheres cochichando e com euforia. Não sabia que esse pessoal tinha sido convidado para o aniversário de Guto, pensei.
-Melissa, você pode vir até a minha sala um minutinho por favor? -disse Lorenzo, meu chefe.
"Meu ônibus estragou." "Eu passei mal." "Fui assaltada." Já estava pensando no que dizer a ele para não ser demitida. "Foi só cinco minutinhos de atraso."
-Eu quero lhe apresentar seu novo colega de estágio. - Sério chefe? Agora que já estava com o discurso pronto, você me diz isso.
-Meu nome é Pedro, tudo bem?
-Tudo! Eu sou Melissa, prazer. - Eu não pude notar que ele era extremamente lindo. 
-Bom, vocês dois vão ficar na sala 3. Podem ir até lá e você ajude ele com tudo.
Esse trabalho fica melhor a cada dia.
A nossa nova sala era extremamente pequena para duas pessoas e uma mesa daquelas. Mas nada que me incomodasse.
-Então, por onde a gente começa? -Que tal você me falar sobre sua vida, pensei.
-Nós estamos tentando rastrear um celular. Não é muito emocionante, mas é o que temos.
-Se você me ajudar, acho que vou gostar disso.
-Pode ficar tranquilo que eu estarei sempre aqui, você gostando ou não.
Ele se aproximou de mim e aqueles olhos verdes me deixou intimidada. 
-Pelo jeito eu já gostei.
As horas passaram rápido e já estava na hora de ir embora. 
-Você quer uma carona? -Além de lindo, ele é educado.
-Não, obrigada. Tenho que ajudar meu amigo numa festa. -Menti. 
-Seu amigo por acaso não é o Guto? 
-Como você sabe??
-Ele é meu irmão, a festa vai ser no nosso condomínio. E eu posso te garantir que já está tudo organizado lá. Vamos lá, eu te levo pra casa.
Pronto. Minha mentira não adiantou e lá estava eu, indo embora com meu novo lindo e intimidante colega de trabalho.
Parecia que a noite ia ser maravilhosa mas quando chegamos na esquina de minha casa, avistamos a polícia.
-O que quer que você tenha feito, você fez mal feito Melissa. -Pedro ainda fez piada. A polícia nunca foi até lá. 
Mil coisas já passaram na minha cabeça. Eu não era criminosa mas tinha algumas coisas na minha casa que era para minha própria defesa caso Ricardo tentasse algo. Aos olhos da polícia, poderia ser indiciada por porte ilegal de armas. 
-Eu não tô afim de ver mais polícia hoje, você pode me levar pro condomínio direto? -Ele me olhou e sorriu. Parece que ficou aliviado.
-O que você quiser. 
Por sorte do destino, eu conhecia Isabelle, que morava naquele mesmo prédio e poderia me emprestar uma roupa. Obrigada Deus!!
-Então, a gente se vê depois. Pelo jeito essa noite vai valer a pena. 
Eu estava tão nervosa e feliz ao mesmo tempo. Aquela noite parecia ter sido escrita por anjos. Era a minha noite, eu achava.
Mas se eu soubesse tudo que aconteceria futuramente, eu teria ficado em casa.

Noite perfeita? Não chegou perto. Eu que já tinha passado por tanta coisa não sabia que aquela noite era a primeira do resto da minha vida. 

A tendência é piorar.














...

...O barulho de minhas unhas na mesa estavam irritando até a mim. Já estava a duas horas na delegacia e nada de ser liberada. Até que finalmente:
-Então Srta. Melissa Adams, pela sua ficha posso ver que você é réu primária. O que espanta é o fato de uma garota de 17 anos está envolvida nesses tipos de caso.
-Vocês já conseguiram alguma prova contra mim para me prenderem de vez? Eu estou começando a ficar cansada. 
- Talvez seja melhor você começar a falar o que aconteceu por trás disso tudo e principalmente, entregar o seu companheiro. 
- Companheiro? Sério? -Eu estava começando a achar que não sairia dali tão cedo.
- Nós não sabemos quem ele é, nem o que está acontecendo ao redor disso. Mas você sabe. Então é melhor abrir a boca.
Eu realmente não sabia o que fazer. Tem momentos da vida da gente que começamos a se arrepender de algumas coisas. Eu sabia o motivo exato de estar ali e sabia tudo que havia ao redor também. Mas eu era inocente. Meu companheiro era inocente - pelo menos até um ponto. Revelar o que aconteceu para eles seria assinar meu atestado de óbito. Apesar de que na cabeça de alguns envolvidos, eu já estava morta a muito tempo. 
Se contar a verdade para eles é a minha morte, então que cavem a minha cova. 
Lá vamos nós.